o zero incontido
a vertigem do nada
o espaço sem limite
há a imensidão oca
o paradoxo do vazio
o nada contundente
o nada que é tudo
as coisas preenchidas
cheias de vácuo
ou o caos ocupado
no deserto em mim
e eu existo
cheio do nada irreal
cheio de tudo
num sonho sem sentido
e ordeno as ideias
na ausência de mim
é o quase da vida
na aparência de algo
e o mundo
não sou eu
é a solidão
do nada existente
(Carlos Figueiredo Queiroz em 24 de dezembro de 1999)
[design artístico do autor]
O exercício de pensar
há a inteligência transpirada
as fantasias do raciocínio
na ginástica articulada
das palavras
depois escorrem as ideias
em rápidos movimentos
nos ginásios ocultos da mente
lá dentro no silêncio que se grita
e há os caminhos que se suam
no subconsciente das lembranças
o exercício recalcado
do pensamento por dizer
finalmente fica
o digo não-digo
daquilo que se pensa
na timidez do sonho
e o pensamento que corre
é tempo à solta
na difícil memória
do que foge de mim
(20 de setembro de 2000)
O Silêncio é Feito de Palavras
o silêncio é feito
de palavras
na fonte ténue
do medo inventado
é uma ausência
percorrendo veloz
cada instante
do pensamento
são lábios
sem rosto
voz inquieta
no som inexistente
o silêncio é feito
de palavras
neste interior
cheio de vazio
é um nada
que se esvai corajoso
por entre a boca
do grito por dizer
(poema de Carlos Figueiredo Queiroz, escrito em 29 de janeiro de 2001)
(com design artístico do autor)
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