estou vestido
de linguagem rasgada
e vivo na cela fechada
do meu corpo
encerro os dias
na realidade em mim
onde estou impregnado
de palavras roubadas
feitas de silêncios
e resmungos
tenho os dentes cheios
de purismo amorfo
de chantagem desenhada
com culpas e medos
mas eis que me refaço
de poemas frágeis
e renasço
numa explosão interna
em que desconfio de mim
e das certezas que invento