domingo, 3 de novembro de 2013

Mudo o ritmo dos passos em nós


mudo o ritmo
dos passos em nós
em que não ando
exceto quieto e parado

mudo o ritmo
e vejo-me a falar
este silêncio atroz
com mais ninguém

adianto os passos
e atiro meus olhos
contra a muda voz
dos que me rodeiam

é a teimosia de andar
e a cor das lágrimas
escorre-me veloz
contra as pedras da rua

logo detenho esta inércia
e as pessoas medrosas
são um rio sem foz
oprimido pelas margens

mudo o ritmo
nesta breve ausência
que lentamente me corrói
o futuro que já vivo

sim mudo o ritmo dos passos
que velozes me atrasam
a vontade de correr
contra a loucura

e é na cadência desta marcha
que as pessoas se reconstroem
e se reinventam no silêncio
do passado que ainda respiram