segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
Até a minha sombra tem frio
até a minha sombra
tem frio
um frio de rachar
o chão que arrasto comigo
por isso
preciso agarrar firme
o sol que não existe
nas mãos incendiadas de gente
por isso
devo escrever linhas de fogo
nas palavras de raiva
que já não aguento mais
sim a minha sombra
tirita cada vez mais de frio
envolta num frio
molhado de chuva
por isso
é urgente
imperioso
que eu segure as brasas
que detenho entre os dedos
porque até a minha sombra
tem um frio húmido
que congela
em cada passo que dou
é por isso
que escrevo em letras de fogo
este degelo que há em mim
esta força que não pára
derretendo a chuva
que cai e cai
e não deixa de cair