sábado, 5 de julho de 2014
Tenho em mim um silêncio
tenho em mim
um silêncio turvo
que com raiva escuto
nas bocas abertas lá fora
não deveria
todo o mundo
ser uma rua a gritar
em vez de se acorrentar?
tenho em mim
um silêncio ruidoso
que atento escuto
neste ouvido ardiloso
não deveria
todo o mundo
rebentar os grilhões
que algemam os pulmões?
tenho em mim
um silêncio descorado
que gostaria fosse apenas
um sonho breve do passado