sábado, 26 de maio de 2012

Tenho vozes caladas


tenho vozes caladas
debaixo das mãos
escondidas entre os dedos
vozes feitas de silêncio
vozes que gritam sufocadas
e dizem o amor apertado
e sussurram o desespero

tenho vozes caladas
que abrem brechas no papel
quais canetas sem tinta
são vozes violentas
vozes rasgadas da mente
numa nova ortografia
redigida a preto e branco

sim tenho vozes caladas
que se esperneiam de dor
são vozes que se escondem
tremidas de medo
desfraldadas ao vento da loucura
e eu vou rompendo o silêncio
e eu vou lentamente
escrevendo o nada

(poema de Carlos Figueiredo Queiroz, em 26/05/2012)