estou sentado a meu lado
com a sombra atrás de mim
e meu corpo escuro e cansado
fazendo parte do folhetim
o mar estende-se diante de mim
como se nada quisesse comigo
sou os restos de um festim
o manjar louco de um mendigo
os olhos da cidade veem-me
cada um com sua atenção
e as páginas do livro leem-me
molhadas de tanta comoção
as árvores plantadas nas pestanas
tendo casas dentro dos ouvidos
são tímidos habitantes de choupanas
que segregam sons proibidos
estudo escuto e me observo
mas continuo a ser uma praia oca
onde em mim fabrico um servo
cheio de palavras retidas na boca