nasci da barriga do povo
não do povo inútil e efémero
mas das palavras na mão
não cresci nas aprumadas elites
de perfumes cheirosos na lapela
e do botão de punho dourado
cresci com a escrita entre os dedos
feitos poemas esvoaçando ao vento
em envelopes sem destinatário
e envelheço feito de tudo e nada
com a mão cerrada como punhos
das pessoas aflitas nas ruas