sexta-feira, 30 de agosto de 2013
Tenho uma toalha de água presa ao corpo
tenho uma toalha de água
presa ao corpo
na sublime esperança
de que venham nuvens encharcadas
por detrás de cada ponteiro
no relógio do tempo
mas não
apenas vem
um longo instante de luz
no acordar suave e ameaçador
de cada sol da manhã
as águas não caem
a chuva não desce
mas há sempre um barco imóvel
no pensamento inundado
de uma mente arrebatada
em loucura altruísta
e as montanhas desesperadas
choram intensamente
com o vermelho aceso
ardendo nas asas das chamas
que seivam árvores acima
são árvores de desespero
acordando entre as lágrimas
sofridas na dor de cada dia
como se não houvesse olhos
de crimes a espreitar
mas existe sempre
aquele céu escuro
de cinzas que visitam
o vapor que exala
a água que finge haver
mas não há
exceto na infindável corrente
libertada dos sonhos
que se vivem intensamente
como rios perdidos e sem margens
à solta no azul dos céus
tenho uma toalha de água
presa ao corpo
na excelsa certeza
de que ainda haverá nuvens
de que nascerão sombras inundadas
sim tenho uma toalha de água
presa ao corpo
como se fosse uma pedra
de musgo e humidade
lançada contra a contagem do eterno
que já nos seca o respirar